Diva múltipla e Xtra-vagante

Elke 'Hagen' Maravilha punk
A exposição Elke Quântica Maravilha na Caixa Cultural (24/08 a 23/09/2007 - curadoria de Rubens Curi), revela parte do universo maravilhoso de Elke, através de figurinos, adereços, perucas, jóias, fotos e breve documentário.
Elke pirata de luxo
Elke nasceu dia 22/02/1945 em São Petersburgo, na Rússia, tem ascendência viking, vive no Brasil desde os 6 anos de idade (passou a infância em Minas), fala muitas línguas e, ao contrário da Alice de Lewis Caroll, não se espanta com outros mundos, explora, se reveste de elementos de diferentes culturas e vibra com o que há de maravilhoso em cada canto.

Vi Elke, ao vivo, duas vezes.
A primeira foi há muito tempo (talvez nos anos 80 ou 90', quando eu vinha curtir a cultura da cidade), numa edição da Bienal de São Paulo, Elke descia lentamente uma rampa do amplo e branco prédio da Bienal.
No documentário "Elke" de Julia Rezende (Batoque filmes), que faz parte da exposição, ela diz ter 1m77 de altura.
Na Bienal, não lembro se calçava plataforma ou sapatilha, apenas que seu tamanho era de gigante/viking/ inclinada, impecável na camuflagem extra-vagante, onde cada elemento somava e se harmonizava no todo.
A cabeleira loira com tufos eletrizados, projetavam luz para fora da sua silhueta (visão própria das deusas), os olhos sublinhados e a boca marcada de 'maravilha' (cor que se situa entre o uva e o carmim) sinalizavam seus pontos fortes de comunicação.
Até essa Elke quieta, lembrava festa!

A segunda, foi neste ano, quando assisti, 'Luar Trovado' (Sesc Pinheiros) - uma ópera pop-funk atonal, dirigida por Gerald Thomas e adaptada da obra 'Pierrot Lunaire' do compositor Schoenberg. Se entendi bem, Elke Maravilha era uma consciência, uma anunciação. Contracenava com cantoras líricas, com Deize Tigrona (!) e com a orquestra de câmara do teatro São Pedro de Porto Alegre, num cenário tosco e irregular.
Elke 'trance'n'dance'
Elke se mistura à idéia de celebridade e entidade. Já foi modelo, jurada de programa de tevê..., é atriz, cantora, mas avisa que quer fazer de si uma obra de arte.

Elke 'tarântula'
Elke 'Moss'
Elke 'Bardot'
As jóias e os adereços expostos são todos exuberantes, muitos foram criados com materiais variados e a partir da junção de peças novas e antigas, pops e étnicas de índios americanos, ou de povos do deserto africano e lugares como Sudão, New York, New Orleans, Marrocos, Japão, Egito, Índia, Amazônia...
É interessante ver o colar que Elke se refere no documentário e monta há 30 anos, que só vai terminar quando morrer... e a cabeça Cleópatra, usada por Claudette Colbert, no filme 'Cleópatra' (1934) do diretor Cecil B. DeMille e que o jetsetter cabeleireiro Silvinho arrematou num leilão em Hollywood, deu para Elke, que (óbvio) tratou de customizar.

Além dos coletes-pelegos freaks-suspensos (looks que ficariam perfeitos nas fotos da americana Diane Arbus), manequins apresentam alguns modelos criados/transformados pelo estilista Walério Araújo, a partir de peças e tecidos adquiridos por Elke.

Nas paredes da sala, pode-se ler frases com o pensamento peculiar de Elke, como:
'Raízes são para árvores, para debaixo da terra - Gente foi feita para voar',
'O importante é nascer e morrer - De resto? É encher uma boa linguiça. Eu não quero que a minha seja indigesta!' e 'O homem é melhor em tudo; até na hora de ser mulher!'

Elke 'trava'
Além de muitas fotos dessa mulher caleidoscópica!
A exposição só tem um ponto fraco: está espacialmente amontoada, o que dificulta o deslocamento das pessoas entre os biombos e compromete a visualização das fotos.
Obs: virou minha musa instantânea quando soube que casou aos 49 anos com um gato de 22. Pra que chutar o pau da barraca!?
Mais da moça, só no site: http://elkemaravilha.com.br/