Funk, MAN - ao som do morro e à luz do Dadá profundo

Foto: Site DjGuide

Pankadão alemão. Ahn?
Éh. O dj, produtor e jornalista berlinense Daniel Haaksman esteve na cidade, sexta passada, mostrando que sabe tudo de funk carioca.
A festa foi no The Week e integrou a programação do Tim Festival 2007. Muitas pessoas estiveram no local, mas pouquíssimas dançaram na pista onde Daniel tocou. Antes dele discotecou o duo Johnny Luxo e Alê Herchcovitch.
Fiquei com vergonha... não por ele ser gringo ou incentivar a cena funkeira brasileira, com o selo Man Recordings (no casting tem Deise Tigrona, Edu K, MC Catra...), mas porque fez um set muito especial.
Digo pra todo mundo que enjoei de eletrônica em 2003 e voltei a ouvir rock e rap, mas o moço me surpreendeu.
Fui pra festa falando disso com a Lúcia, que estou num momento que preciso de surpresas (qualquer uma). Sabe a letra da música que eu cantava, em 91?
SHAKE SOMETHING, SHAKE MY MIND...
então, o cara me sacodiu.
Como alquímico, misturou sons, batidas e samples de convivências improváveis, ou melhor, fez escolhas difíceis de serem feitas, pra criar outra coisa. Tudo muito bem feito.
Por quê a surpresa, se é essa a função de um Dj?
Porque as pessoas escolhem o óbvio, não criam... se repetem.

http://www.haaksman.net/
http://www.manrecordings.com/

Olhando o site de Daniel e lendo algumas entrevistas do moço, descobri que define seu estilo como 'Bass music in all forms', que tem tantas influências, que não consegue citar e se inspira em Marcel Duchamp.
Pára TUDO,
.
.
.
.
.

Tá aí a diferença!
O que eu achei uma mistura improvável eram os ensinamentos do Duchamp, bricolando pra formar a música.
Que delícia.

Ö, o que Daniel acha coisa do passado: The Beatles, AC/DC, King Tubby, Run DMC, Public Enemy, David Byrne, Malcolm McLaren! (rs)

E do presente: Dabrye, Switch, Burial, Sebastian.
Conhece alguém?

Voltando pro pankadão...
Pankadão é pankadão e as letras continuam com a mesma temática > sexo:
'ela dá a buceta e também dá o cu... papaparararapapararara',
a 'Popozuda' de Edu K tomou Toddynho e essa é uma fase que ainda É. Conheço o Edu da fase neo-romântica, da fase Prince, do mix Slash+Axl Rose e da fase 'trava' com cinta liga e soutien na cabeça.
O visual atual me confundiu um pouco, nem eletro, nem funk. Tá 1/2 Emo.
Mas é Edu K, essa mistura ambulante.
Então tá tudo em casa: um gringo no pankadão, Duchamp e o Edu rei do poposão.

Que fique claro que não tenho nada contra Emos, muito ao contrário.

Só acho engraçado ver o Edu com luvas listradas em preto e fúcsia, unhas pintadas de coral e a franja preta cobrindo os olhos, modelado com chapinha?! além de todos outros 'adornos fofos', como diria Alex Antunes.

Já Daniel, o Dj cool do funk, em São Paulo usou camisa de lenhador e manteve o olhar severo, mas botou pra dançar/quebrar.

Repetiu 2x a nova música do Edu K, lascou Deisi Tigrona e emendou com dancehall, trance?!, dub, jamrock! rap e batidas do britpop ( pode ser?!), tipo Stone Roses ou Charlatans... tudo sobre um baixo indecente!

Acho que o moço saiu decepcionado. Agradeceu por eu e a Lúcia termos ido e... dançado!

Imagina, ninguém dança um set inteiro só pra ser gentil... estava muito bom, mesmo.

O RJ deve tê-lo recebido melhor. Melhor pra todos ELES.