Voltei.

É estranho, me sinto em casa. Na verdade, estou em casa.
Tento identificar se a cidade está mais pobre, mais suja, igual... pior... melhor...
Não sei o que pensar, porque não está nem melhor, nem pior...
Só que, desta vez, a cidade não me incomoda.
O espaço de céu que se vê, é maior.
O tom de azul é luminoso e, às vezes, é bem claro.
Em geral, as nuvens não migram pelo céu, elas pairam.
Eu, que gosto de céu e de mar turbulento, tempestuoso, como aparecem nas pinturas pré-raphaelitas, me pego entusiasmada até com a leveza do ar.

No final de tarde, quando a luz no centro da cidade fica âmbar, as barraquinhas de ambulantes se instalam no calçadão da Rua da Praia.
Sou meio traça, não posso ver livro e parei numa banca de usados na Praça da Alfândega, para procurar qualquer título.
Em geral, os livros usados são peças únicas e não se sabe o que se vai encontrar...
Então, os olhos pulam de um lado pra outro, excitados... descobridores.
Reviro os livros de sociologia, filosofia, arte e moda... Mas, desta vez, peguei um romance (?!) do jornalista Jon Krakauer, sobre um cara que, nos anos 90, abandonou tudo e viajou pro Pólo Norte.
Humn, tive um dejà vu.
O dono da banca elogiou minha escolha, contou que era baseado num caso real e que o final da história não era feliz.
Devolvi o livro para a banca.