Calor úmido e escaldante

Quem consegue comer?
Quem consegue pensar?

O calor não deixa dormir, comer, ler, nem pensar... dá dor de cabeça.
Lembro de Dotherightthing (1989)- um filme clássico de Spike Lee, onde o cotidiano de uma comunidade (Brooklin, NY) transcorria ransoso e conflituoso num dia de muuito calor.

Por aqui [tou falando de Porto Alegre], não dá pra se mexer muito durante o dia, que sua.
Quem pode, troca de hábitos: fica acordado de noite e não se move de dia.
No máximo, faz visitas até à sorveteria mais próxima.

Vento na cara, nas pernas, nos cabelos se consegue com ventilador de teto, portátil e ar condicionado.
Tudo ao mesmo tempo!
Melhor não, devemos ser parcimônicos no uso de energia, mas nem toda casa, ou peça tem ar condicionado, você sabe...
Adoto um leque.
Não tem nada a ver com minhas origens andaluzes, nem foi surto de estilo a Karl Lagerfeld
http://www.karllagerfeldmais/ [entra no site do multi-homem, seu click é incrível], simplesmente uso, porque é mais imediato.
Sei que o esforço é mecânico e isso gera mais calor..., mas como todo placebo, me sinto, imediatamente, melhor.

Hoje o dia mudou.
Dentro dos lugares escureceu no meio da tarde.
Na rua, o céu cinzento-grafite mantinha uma luminosidade prata.
O vento refrescou a pele e fez minha dor de cabeça passar.

No ônibus, enquanto todos fecharam as janelas pra fugir da chuva, deixei a minha aberta, pra pegar uma chuvinha leve.
Em casa, resolvi rever as roupas não usadas.
Fiquei triste em me desfazer da camisa sequinha, manga longa de linho cinza.
Adoro cinza.

No final do dia, levei duas sacolas grandes e um saco pequeno pra rua.

Nas grandes estavam os materiais recicláveis [revistas, papéis, jornais, papelões e plásticos] e os reaproveitáveis [roupas de toda espécie, em desuso]. No saco pequeno estavam elas, as pestes das baratas, que também se acham donas do meu apartamento e se acostumaram com as iscas que distribuo pelas peças] .

Argh...