Moda e Arte em trânsito


Começo as postagens do ano, assim, com uma foto fora de foco, meio mexida.
Não que eu não tenha tentado clicar direito, é que meu ´assunto´ e eu estávamos em movimento. Situação difícil para capturar qualquer coisa, convenhamos...
Neste domingo, o fluxo de carros e caminhões na Free Way (auto-estrada PoA/litoral norte do RS) era intenso. Voltávamos de um final de semana nublado e fresquinho na praia.
Pra variar, eu fotografava o por do sol, as nuvens e outros elementos bucólicos da paisagem, como a serra, os lagos e os campos verdejantes do sul, quando um caminhão nos ultrapassou, carregando uma carga muito estranha.
O volume, revestido por lona - cor terra-siena e cordas bem distribuídas, lembrava a escultura com máquina de costura, feltro e corda, criada por Man Ray em 1920: The Enigma of Isidore Ducasse http://www.nga.gov.au/international/catalogue/Detail.cfm?IRN=43741&BioArtistIRN=20076&MnuID=2&GalID=1
cuja foto foi parar na 1a edição da Revista La Revolution Surréaliste (1924).
A obra original desapareceu (quem sabe eu não vi o original?!... rs, nada... a obra era menor!) e foi reconstruído nos anos 70.
Um garoto loiro, parecido com o cantor Felipe Dilon, dirigia o caminhão [nova geração de camioneiros?!] e arrasou em desenvoltura, ao manter o ritmo, em meio a carros velozes. Pendurada no caminhão, uma faixa-frase dizia: SEGURA NA MÃO DE DEUS E VAI.
Nos aproximamos do veículo, saquei a foto e ... FUI.
Tenho uma queda por Man Ray (rs... parece título daquele gingle freestyle da candidatura à presidência do Barack Obama/EUA), por empacotamentos e por este trabalho, em especial, por revelar/velar as referências (literárias), elementos do mundo da moda e o lado freak do fotógrafo.