Sons da Noite

Se Vc pensa que a noite no centro [Campos Elíseos] de São Paulo é tranquila, está muito enganado(a)!
Freiadas, motores barulhentos, tiros, sirenes da polícia ajudam a decodificar, espacialmente, as situações em racha na quadra de trás, perseguições na esquina da Nothmann, brigas em direção à Barra Funda...
No final desta semana, gangs tomaram a Barão de Limeira e reviveram [na minha cabeça, claro] uma cena do filme Quadrophenia, quando os Mods enfrentaram os Rockers...
Nesta noite, em torno de cem meninos e meninas, arrumados 'pra balada', tomaram a rua, se embolaram, gritaram, se separaram e pararam no cruzamento da Ribeiro da Silva.
No andar de cima, ouvi o vizinho pedir pra polícia mais de uma viatura, porque a garotada estava 'realmente se matando' [expressão dele].
Quando a polícia chegou, os que ainda estavam ali, fizeram seus últimos xingamentos ['vadia' era a expressão mais elegante!], depois se dispersaram pelos quatro cantos, deixando as palavras em eco.
Nas madrugadas, um único avião passa baixo, seguindo a direção do aeroporto de Guarulhos.
Acompanho o trajeto dos garis arranhando o asfalto com suas vassouras, para em seguida, um carro-pipa, com motor desregulado, lavar o chão.
Vez ou outra, ouve-se vizinhos em fúria e súplicas alucinadas dos moradores do complexo franciscano, aqui ao lado.
Sei que são quatro horas, quando o primeiro trem corta os trilhos, pro lado da Av. Rio Branco e nesta hora, quase sempre estou ouvindo o último som antes de dormir, que vira trilha pra toda essa movimentação.
Os sons da manhã ainda não consegui detectar,

Da janela da sala posso vê-los em oração, noite a dentro... como eu.