

Toda vez que ele late, eu fico de orelha em pé. Elvis sabe das coisas.
Na noite passada ele latiu muito, anunciando a movimentação que rolava no final da quadra.
Há três noites, alguns homens saqueiam as telhas metálicas de um depósito abandonado na Ribeiro da Silva, quase esquina com a Barão.
Sem ferramentas, atravessam a madrugada subindo e descendo do telhado, arrancando os pinos um a um e carregando as folhas para dentro do depósito.
Se alguém grita ou chama a polícia eles se pulverizam pelos telhados da vizinhança, se escondem e depois que tudo se acalma, retornam à função na maior cara de pau.
Já não importa se é dia ou se é noite, se alguém os avista dos prédios [do quinto andar, eu acompanho tudo]..., eles seguem seu trabalho obstinado [inclusive no Dia do Trabalho], como formigas ou piratas que acharam o mapa da mina.
O Elvis, coitado, não tem sossego...