Sob a proteção de Morpheus

Ontem, para 'agilizar' a vida, peguei o primeiro ônibus que apareceu.
Era um Pinheiros que seguia pelo minhocão/Bixiga/Av.Brigadeiro Luis Antônio/Av.Faria Lima.
Desci no último ponto da Brigadeiro, em frente à agência DM9. E como o trânsito estava parado, corri até o ônibus que sempre pego: Terminal Princesa Isabel/Santo Amaro.

O motorista estava atirado na cadeira, com os braços largados ao longo do corpo e os olhos fechados. Pensei: esta vida de motorista não é mole não, o cara deve estar 'relaxando'...
Bati na porta e ele demorou para abrir.

O ônibus estava cheio e com todos os bancos ocupados. também haviam algumas pessoas em pé.
Na roleta, o cobrador também estava jogado de lado na cadeira, dormindo. Passei o cartão e me posicionei perto da escada e da porta do lado esquerdo.

Olhei pros passageiros sentados e que cena! Todo mundo, eu disse todo mundo estava com os olhos fechados.
Tamanha sonolência fazia com que seus corpos se largassem nas posições que variavam entre: se apoiar nas janelas, cair no ombro do vizinho, cobrir os olhos com capuz e abrir a boca, deixar a cabeça cair sobre o corpo, etc.

Como os percursos pela cidade são longos e muitas vezes o trânsito fica parado por horas, é normal encontrar pessoas dormindo nos ônibus. Eu mesma, nos dias que tinha aula nos três turnos, não aguentava e cochilava. Ui,
Mas este ônibus estava demais.

Do meu lado, um passageiro em pé [EM PÉ!] se apoiou na porta, agarrou a alça da mochila e abaixou a cabeça. Dormiu.
Lembrei da morte na chuva do Replicante loiro em Blade Runner...
Vez ou outra, ele se assustava e abria os olhos, olhava para a rua e 'apagava' outra vez.
'Peguei' a hora exata do bocejo de um passageiro em pé, enquanto lia Sócrates. (ele lia Sócrates)
É sério, a cena foi muito estranha.

De onde veio esse ônibus?