Eu-objeto

Fui na abertura da exposição Rotores do Guto Lacaz na Galeria Marília Razuk.
Antes mesmo de achar um lugar pra parar ou me dirigir para o beijo e o abraço no meu 'mestre performático', vejo uma fotógrafa interessada em mim:
- Posso tirar uma foto?
- Sim, claro.
Foi 1, depois dois, três cliques. Percebi que ainda aproveitou meus braços como painel de fundo para a foto de outra pessoa, enquanto eu manipulava as obras móveis criadas pelo Guto.
Ok, meus braços são atrativos e estão com mini novas tattoos: um sol de Akhenaton em tinta terra-siena e um ankh - a chave da vida, que fiz em homenagem ao meu pai.
Há quem se interesse pelos ícones, há quem reconheça algumas imagens.
Foi o que aconteceu, hoje, quando a namorada do artista goiano (ainda grafiteiro?) K-Boco, reconheceu um desenho dele, tatuado no meu ante-braço.
Lá por 2003, K-Boco andou por Porto Alegre e deixou sua marca: olhos bold, emoldurados por linha curva cheia e outra pontilhada. Vi semelhança com o olho de Hórus, fotografei a imagem deixada num orelhão e transformei em tattoo.
[engraçado que, enquanto falávamos, K-Boco ligou pra namorada e me mandou um beijo]
Passamos a falar do gatinho tatuado no meu ombro.
Esta, eu reproduzi de uma ilustração que o Carlinhos fez num zine encartado na revista 2 mag que o Dudu Bertholini produzia.
Num verão pegajoso portoalegrense, eu andava pelas ruas com os braços a mostra e fui abordada por uma menina punk, que me mostrou seu pulso com a mesma imagem, só que um pouco menor.
Ela ficou impressionada com a coincidência, até porque aquele fanzine não era tão popular assim...
São essas as coisas (boooas) da vida!
E eu não me preocupo em ser um pouco obra ou coisa fotografável. No fundo, isso faz parte da minha estratégia.