In memoriam a meu pai

Daniel Gomes Rolim (*1931 + 2008)
Meu pai nasceu em Funchal, Ilha da Madeira (Portugal) em fevereiro de 1931, durante uma das diversas missões metodistas de seus pais.
No Brasil, estudou no IPA/Instituto Porto Alegre e se destacou como tenor solista do coral regido pelo maestro Leo Schneider.
Gostava muito de ópera e também se aventurou neste estilo.
Não conseguia ficar num ambiente muito silencioso, quando chegava em casa, ligava a tevê e o rádio ao mesmo tempo. Adorava os Beatles e achava esse ´grupo musical´muito bom, especialmente pelas melodias que criavam.
No natal de 1969, me deu o disco Abbey Road dos Beatles e para minha irmã, Their Satanic Magic Request dos Stones. Nós tínhamos, respectivamente, 9 e 6 anos!
Cursou a Faculdade de Farmácia na UFRGS e depois de formado, trabalhou em farmácias de Porto Alegre e Caxias do Sul.
Casou-se com minha mãe, Ana Maria Velasco, em 1959, ano em que também se tornou servidor público estadual.
Reingressou na UFGRS para cursar Ciências Contábeis. Nessa área, chegou ao cargo de Auditor Fiscal do Tribunal de Contas do Estado, lecionou Contabilidade Pública no Colégio Estadual Protásio Alves, por 14 anos e foi tesoureiro do Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural do RS.
Lembro que, em 1972, fomos de fusca ao Rio de Janeiro, claro, fazendo paradas em diversas cidades. Já no Rio, a primeira coisa que meu pai quis fazer foi dar um mergulho no mar de Copacabana.
Apaixonado pelo Grêmio Futebol Porto Alegrense, assistiu jogos no Estádio da Baixada e centenas, no Estádio Olímpico. Acho que eu tinha menos de 10 anos, quando ele me levou a um Gre-Nal no Estádio Beira Rio. Desde então, torço para o mesmo time. Ah! toda família é gremista.
Já aposentado, realizou os sonhos de conhecer sua terra natal e de se tornar farmacêutico proprietário da Farmácia São Lucas, a qual administrou por 12 anos, até seu falecimento aos 77 anos.
Se orgulhava de seus netos Cauan e Flavio (meus filhos).
Meu pai era um velho bonito e muito teimoso.
Comprou um celular para falar comigo em São Paulo. Quando ligava, era para me atualizar do mundo ´feichon´ [era assim que pronunciava] e da música na capital gaúcha.
Eu, minha mãe, meus filhos e minha irmã nos despedimos dele terça-feira e já sentimos saudades.