live me alone...ou Small (silver)Blue Suitcase

O cinza equilibra luz e sombra,
mescla os opostos
retém a sobriedade de um dia sem sol
e a sofisticação da fumaça meio preta, meio branca.
Na sua extensa gama de tons,
às vezes é forte como grafite, ou suave como uma nuvem,
não traz tristeza, não traduz velhice,
só se relaciona com tempo, cidade, cimento...
um professor de pintura me mandou reparar nas cores vivas em um dia cinzento.
ótimo para fotografar!
E Man Ray que revolucionou seu tempo em p&b e
inspira até hoje!?
criou imagens sensuais, ousados enquadramentos e conteúdo com luz e sombra,
pois não vale mostrar o corpo nu,
não basta ser cru ou egocêntrico,
tem que encontrar e revelar a poesia
e isso Man Ray fazia muito bem!
De volta ao cinza,
os pontos de cor na cidade cinzenta são oásis...
massa cinzenta. argila cinzenta. cinza chumbo,
tempestade: movimento do céu pra terra,
antecede a chuva que encobre o sol,
auto-suficiente e independente [até do horário],
deixa tudo grey.
Silver-gray
prey...
nos anos 70, as roupas religiosas eram de cor cinza,
pra refrescar o preto isolador?
Londres ficou associada ao cinza, da névoa – da umidade – da poluição – aos séculos de austeridade...
E eu que só vi cor?
[de lá, sinto saudade das ruas e de usar braceletes que, depois das tattoos, foram parar na cabeceira da minha cama].
TRICKY tem voz rouca. em 4 real é preto em branco,
cinza-smoke.
Cinza é branco impuro,
obsceno,
mais ameno que escuridão.
Camuflada em cinzas,
renascida das cinzas, como a fênix que tatuei no ante-braço.
Sempre pedi e ganhei o que queria,
minha vida pra frente e pra trás revirada.
Não entendo ainda a dimensão em que me metí.
A fumaça sobe cinza,
neutral, vertical como a do incenso.
Me recupero do inchaço [do cloro, do choro, do sal, do álcool, da tpm].
Aguardo o próximo passo do destino e guardo as lágrimas que rolam toda vez que paralizo.
Fiz o que tinha que fazer: me mover mesmo parada, n

na mesma cidade, entre cidades, dentro da mente, em sentimentos.
Meus ungüentos terminaram,
na verdade evaporaram do óleo
e prometi não mais entrar em confusão.
Melhor ler o jornal, pois tudo que vaza e
escoa desta mulher pictográfica, de corpo raspado,
encrespa a fumaça,
que sobe espiralada como a música que adoro por no repeat
Baratas são fáceis de matar...
mesmo em bandos,
limpo tudo com pá.
Suas antenas são laços nos azulejos brancos,
elas param por estratégia, depois seguem em movimentos lentos e rasos em direção ao ralo.
Olho e me distraio.
Um dia, penso adestrar esses bichos subterrâneos.
Preciso de mais incenso massala Nag Champa para purificar o ar.
O trabalho é sujo,
poeirento.
Ponho a luva até cobrir os braços e reconstruo a história.
O silêncio da noite não esconde o vento de som retrô.
A lua é cheia é velha companheira de infância
o roxo também me acompanha.
Li que azul é a cor da morte na Síria,
será por isso que meus olhos estiveram pintados nesta cor desde o final do mês passado?
Reorganizo a casa em meio às baratas (fictícias) que insistem em sair de onde vivem,
pra compartilhar comigo o quê?
Comida, miséria, espaço...
E as cinzas ainda são cinza.