guard: stoped

Entrei no lugar, no momento em que vários homens se abraçavam, formavam uma barreira e cristalizavam os sorrisos para o fotógrafo.
Dejà vu de novo. Desta vez, assustador.
Fui ao banheiro pensando quem eram aquelas pessoas com corpos tão diferentes (um muito alto e magro, outro largo e gordo, outro baixinho e pançudo) e ternos tão esquisitos?
Precisava dar um tempo de 15 minutos, resolvi tomar um café.
Enquanto isso, espichei o olho para ler o banner ou a capa dos livros que as pessoas carregavam para entender o subject daquela sessão de autógrafos. Era algo ligado ao Direito e uma homenagem à classe de um tal professor....!?
Por ali, também circulava uma mulher com cabeça mais erguida que o normal, usava calça preta e blusa com decote profundo que deixava o colo, ou melhor, os ossos do colo à mostra.
Ela passou por mim e seu perfil denunciou anorexia... Olhando de costas, achei que as pernas eram mais finas que os meus braços.
Resolvi deixar aquelas pessoas pra lá e olhar para outro lado, afinal, meu dia já estranho o suficiente.
Foi só pensar assim, que aquele homem muito grande e largo (biotipo-padrão americano) da fotografia, colocou uma bandeija de café na mesa ao lado da minha.
Outro homem, de tamanho standard, o seguiu.
Eu não deveria ter olhado tanto, mas precisava ter certeza que aquela situação ia dar certo...
Se tratava de uma questão de ergonomia, uma equação de Design.
O corpo do homem tentaria se adequar ao 'corpo' do objeto.
Sendo assim, tínhamos (literalmente) um grande problema ali.
O homem largo ficou em pé por um bom tempo, fazendo um ritual de recolhimento das sobras do cliente anterior. O homem standard gesticulou, apontando para as poltronas, na esperança que o homem grande escolhesse em qual posição iria se sentar. Mas ele não escolheu, então o outro se sentou do lado contrário ao corredor.
Neste café existem duas opções de assentos: poltroninhas quadradas, estofadas com braços altos e mini puffs.
Uma pessoa magra fica bem acomodada nas poltronas. Já o puff parece ser desconfortável em relação ao tamanho das mesas.
Há, também, bancos altos de madeira para as mesas altas.
O cara XXL puxou a poltrona, tentou encaixar o seu quadril ali. Como não conseguiu, apoiou os braços sobre a mesa e equilibrou o que pode na ponta do assento.
Bizarro!
Depois disso, só faltava aparecer o cara que gostou de mim, passou seu telefone e me convidou para visitar seu local de trabalho: o morgue de São Paulo - aka IML. Ele me explicou que era responsável pela limpeza e preparação dos corpos para a autópsia.
Por sorte, no dia em que me encontrou fazia muito frio e ele não viu no meu braço a tatuagem do Anúbis, o Deus chacal egípcio. (Ufa! do U know what i mean?)
Ahhhh, chega!
Deixa pra ser um pouco 'isca' de freak na outra vida.

Mudando de assunto, a esfiha de ricota que pedi para acompanhar o café, estava excelente.