intoxication

Ando interessada em nomes de distúrbios, colapsos, inchaços, influenzas, constipações, vergões. Aliás, só disturb já estava bom.
Essa preferência, talvez se deva ao fato de, na última semana, não ter dormido uma noite inteira. Virei os dias, enclausurada em casa e na frente do laptop, escrevendo um capítulo da minha dissertação.
Não tenho vocação pra clausura, morreria de tédio.
Para expiar as minhas culpas eu prefiro a rua... e isso nada tem a ver com religião... sou eu, falando comigo... [dando sentido ao caos? praticando o ritornelo de Deleuze&Guattari?]
Prefiro o burburinho da cidade, o movimento dos carros à volta, a atenção das pessoas que não conheço, enquanto as que conheço, me deixando aí...
Pra vencer a tarefa ingrata, adotei o método criativo de Leonardo da Vinci: acordar cedo (o que é um colapso pra quem ama a luz artificial), primeira coisa do dia: apertar os botões do celular/despertador... depois, apertar o power do laptop... e então, fazer um café, pra, depois começar a escrever, pensar, escrever, ler, escrever, pensar...
A alternância entre cinco horas de trabalho, quarenta minutos de sono, depois outras cinco horas pra textos e leituras, entre yogurtes com granola, biscoitos café e leituras, checadas nos emails, musiquinha pra criar ambiência... e muita preguiça pra lavar cafeteira, xícaras, colheres, panelas e fazer uma comida mais legal.
Então, outros trinta minutos dormindo, dez de alongamento, até os ossos estalarem e ainda assim, sentir coluna doendo e a bunda quadrada!
Toda vez que deitava, ficava imóvel por alguns minutos. Travada mesmo, os músculos não se expandiam. Quando isso acontecia, eu relaxava e entendia o que estava construindo no meu corpo: novas bolas sólidas de tensão, que com certeza, estavam marcando os ossos.
Sei o que é doer no osso.
Performance e corpo moldado à Mondrian, disse minha orientadora. Enquanto eu pensava: só se for do mal. Performance do mal!
Por falar em performance, Maurício Ianês falou sobre as regras do seu trabalho na Bienal e seu dia-a-dia, entre sensações, reações, etc. à revista Trópico. Leia aqui.

Nesses dias, tive a sensação de engordar três quilos e envelhecer cinco anos!
Não vou me pesar.
Uma estranha ardência na pele também apareceu, como aquela pós-sol de verão.
Mas era só intoxicação de pensamentos, de tensões, enjôo das palavras escritas. E intoxicação de mim mesma.