pulmão [on space&Times New Romantic]

acordei com vontade de gritar.
e com muiiita força.
precisei dormir de novo pra sensação passar
[agora] na madrugada, volto pra cama
com dor de coisa atravessada na garganta
estrutura. acho que é estrutura.

o dia inteiro pensando em estruturar o rizoma,
em ordenar a desordem, cansa!
Porque é desserviço.
coloquei nas paredes os esquemas.
‘metas.esquemas’, jardins (do Éden)
de palavras e expressões.
ervas daninhas de um pensamento
que é nômade, selvagem,
resistente à domesticação.
mas falho, feitos com uniPosca
que é cartográfico,
mais da ordem do mapa
do que de outra linguagem.

ufff.
algum cheiro de mofo no ar.
mofo faz rizoma?
ele começa e vai.
não consigo precisar de onde vem,
pra onde vai.
- sem location.
abriu(l) a porta,
na rua já faz frio
um zumbido estranho invade meu ouvido direito.
se bem que ando ouvindo sem ouvir a voz de Britt Daniel
: resíduo de um som jogado em algum canto do cérebro.

o pulmão reduzido,
quase cabe num canopo.
melhor abrir o peito,
e deixar expandir a
esponja úmida de sangue,
de ar.
senão também mofa,
de cansaço.