Roteiro do program MaisoNM III, na MOBILE RADIO - 30ª Bienal de São Paulo, em 111112

Peça sonora ´Selva de Metal´ tocando... [2:22] “Era uummn... bicho tecnológico!!! ... Na verdade, acho que fui catalogada por alienígenas. Enquanto eu estava naquele espaço – que parecia uma galeria, um ateliê, sei lá... um BICHO – uma espécie de centopéia de corpo facetado e casca de camarão ( só em branco perolado) picou o dedo indicador da minha mão esquerda. O ´ferrão´ era branco. E ficou um tanto pra fora do dedo. Na extremidade, se via uma espécie de... ponta de dardo, só que dobrada. Uma pessoa viu a cena e me disse: - Meudeus, Vc foi picada! [O que fazia a coisa parecer pior do que eu imaginava...] Mas eu não sentia nada. ************** O bicho andou um pouco e parou. Mesmo paralisado, ele vibrava... Peguei uma de suas extremidades e forcei. Queria quebrar. O que eu achava que era a cabeça, não quebrou. Arranquei apenas uma lasca e ele permaneceu, ali, vibrando... Já o meu dedo, não quis mexer no ferrão... e deixei assim... De repente, algo começou a se transformar... Aquela base quebrada-dobrada se abriu como uma flor. No começo, era tudo em tons claros, depois, as ´petalas´ foram mudando de padrão... A velocidade foi aumentando, acelerando e eu passei a ver um estampado alucinado que mudava de cor e padrão... Do floral, pro xadrez...., pro listrado, pontilhado, quadriculado, estonado, pro geométrico, pro ziguezague... ziguezague, ziguezague...zzzzzzzzzzzzzzzzz” _______________________________________________________________ [7:30] “Quando encontrei John Lennon, ele usava um terninho mod e estava sentado no chão acarpetado de um lobby de hotel. Ao seu redor, havia uma garrafa com liquido transparente, copos de plástico e balinhas cor de caramelo, em embalagens individuais, espalhadas por todo canto. Lembro de um cachorro estar por ali... e que um longo banco de madeira clara se posicionava entre nós. Conversaaaamos e tal..., brindamos - com os copos de plástico, ao disco Abbey Road, depois que lhe contei que este foi o 1º vinil que ganhei de meu pai, aos 9 anos de idade e que formou a minha base musical ´SHES SO... heavy´ heeeavy~~ . Falei que era fan da Yoko. Ele, meio alheio, disse que gostaria de controlar o vento, pra que pudesse ventar em todo lugar. (achei uma ideia superrr Yoko). Pedi um autógrafo... Pra provar que o havia encontrado... Ele sorriu e deixou o olhar se perder... Então....., me dei conta... e disse: - mas vc está morto! A peça sonora que acabamos de ouvir chama-se Selva de Metal – foi criada a partir de sons produzidos na manipulação de objetos-réplicas da série Bichos de Lygia Clark, gravados na exposição da artista, no Itaú Cultural, que, coincidentemente, encerra hoje. Tudo transformado em samples, tocados e mixados ao som produzido no jogo de bolinhas de ping pong da série Ping Poem da artista Lenora de Barros. Vale lembrar que, em 1961, na VI Bienal de São Paulo, Lygia Clark ganhou, prêmio de melhor escultura nacional com os “Bichos”. _______________________________________________________________ Ouviremos a seguir os trabalhos sonoros dos artistas visuais Itapa Rodrigues, Chico Machado, Biah Werther e do coletivo Vulgo Valentin. Itapa Rodrigues – powertrio rock - Carne de Monstro - (Sugar & Pain e Isolada) É videoartista, operário da serigrafia alternativa e da artnail. Chico Machado (Os áudios apresentados aqui foram extraídos das videocomposições Ritimifiqueition 02 e Redonbex). Chico Machado é artista visual, músico e professor da Universidade Federal de Pelotas. Em dezembro, defende sua tese de doutorado em poéticas visuais no PPGAVi – UFRGS com projeto sobre seus Aparelhos - objetos cinéticos sonoros manipuláveis e das composições sonoras em vídeo digital. Bia Werther - (Borboletas no Estômago e Óleo da Noite) Artista multidisciplinar: cineasta - diretora do coletivo Cinema8ito, VJ, tocadora de theremin, diretora de arte, fotógrafa, designer e escrevedora de Moscas Volantes, um livro que caminha. Premiada em vários festivais e editais já exibiu filmes e participou de ocupações em muitos países, como Inglaterra, Espanha, Suíça, República Dominicana, Hungria, Japão, Canadá, França, Argentina, entre outros. Residiu em SP, no Rio, atualmente, vive e trabalha em Porto Alegre, estuda Artes Visuais na UFRGS. Coletivo Vulgo Valentim - (MINIMAL – mp3 retirado de vídeo VHS gravado pelo artista Richard John) em 1988. VV foi um coletivo de rock (de guitarras, ruídos, equipamentos analógicos, violino, samples da Casio) e grafitti, da cidade de Porto Alegre. Formado basicamente por Mauro Dahmer, João Guimarães, Eduardo RECK Miranda, Gunther Andreas... _______________________________________________________________ MaisonM é um projeto radiofônico de Marion Velasco. Sob esse nome foi criada uma série de 19 programas, produzidos e apresentados ao vivo, de 11/11/1011 a 16/03/2012, na rádio web http://minima.fm/ Através dos programas foram investigadas as possibilidades comunicativas e artísticas do espaço-tempo radiofônico na rede, através de: • curadoria musical, • experimentações sonoras e transmissões ao vivo, em viagens, • conversas livres com convidados ao vivo, via telefone e por skype, visitas gravadas e temáticas que passaram por arte, moda, design e arquitetura. Os textos, fotos, vídeos e outros materiais produzidos foram compartilhados em diversos sites de relacionamento, como: fanpage MaisonM e minima.fm no facebook, no twitter, no youtube, no blog http://empilhamento.blogspot.com/ e enviados por email, etc... MaisonM explorou a conectividade, sensorialidade e oralidade da midia radiofônica digital com ações performáticas: vozes, meios sonoros (hi e low tech) e materiais previamente preparados para transmissão e compartilhamento. MaisonM (((<*>))) Mobile Radio (edição BSP) Estas três apresentações-ações radiofônicas MaisonM, realizadas na MobileRadio, marcam um ano da estreia do programa. MaisonM faz parte da pesquisa de doutorado Guias Acústicos Ambientações para voz e outros sons. Minha participação na Mobile Radio BSP foi apoiada pelo PPGAVi e pelo Centro de Música Eletrônica da UFRGS. Gostaria, ainda, de agradecer a realização deste trabalho ao produtor musical Vicente Rubino e aos artistas Chico Machado, Elaine Tedesco. Perto das 17h, encerro o programa com a peça sonora de Vicente Rubino – (TXAI das Cinco). Vicente Rubino, aka, Rubis é um veterano da música eletrônica, que se dedica a fazer apresentações ao vivo em festivais de música eletrônica. Rubis começou na música eletrônica, em 1988, em Porto Alegre, quando comprou sua primeira workstation, um sintetizador Roland D-20. Integrou o duo Hexa, que fez as primeiras raves in-door em Porto Alegre. No seu estúdio Midi Mídia produziu o álbum Kingzofbullshit do De Falla e se apresentou com a banda no Hollywood Rock 93. Em 1992 montou, comigo, o duo eletrônico ADVENTURE – projeto pioneiro em estilo e formato na cena musical gaúcha. Na wave das festas open-air do psytrance, Rubis tocou nas principais raves do RS, desde 2005. Nas apresentações do projeto RubisChill, busca a transcendência do som, através de samplers de sons etéreos, colagens rítmicas, preleções e sons da natureza e performances não ensaiadas com iPads, joysticks e outros controladores alternativos. Agradeço à MObile Radio pela oportunidade e a todos pela audiência... tchau.