'shall i disturb the universe?'

Eu amasso as páginas dos livros.
Esgarço a costura, amacio a cola para que as folhas fiquem achatadas, confortáveis sobre a mesa, no meu colo, ou na mão.
Detesto folhas descabeladas, se equilibrando, desmarcando a minha leitura.
[Só preciso me controlar nas livrarias e quando pego livros emprestados...]
Enfim.
No final de semana, presenciei a prisão de um ativista que quebrou, com um taco de beisebol, as vitrinas da Livraria Cultura/Arte no Conjunto Nacional. A polícia o algemou e ele saiu falando alguma coisa que ninguém entendeu. Estava calmo.
A senhora ao meu lado pensou alto: Ele deve ter lido um livro que não gostou...!
(rs)
Eu entrei na outra parte da livraria para procurar poesia. Queria ler T.S.Eliot em português. Achei!
Aleatoriamente, revirei as mais de 300 páginas e encontrei uma indagação, + ou - como a que postei anteriormente.
De alguma forma, aquilo fez sentido pra mim.
É que precisamos de um incentivo, de um elogio, ou um empurrão, em especial, quando imaginamos que estamos caminhando no escuro. (ei, esse não foi o título do filme com a Bjork? Não, ).
Mr. Eliot foi meu conforto naquele dia e fez meus olhos marejarem... por trás dos óculos.

"Estou mal dos nervos esta noite. Sim, mal. Fica comigo.
Fala comigo. Porque nunca falas? Fala.
Em que estás pensando? Em que pensas? Em quê?
Jamais sei o que pensas. Pensa."

Penso que estamos no beco dos ratos
Onde os mortos seus ossos deixaram.

"Que rumor é este?"
O vento sob a porta.
"E que rumor é este agora? Que anda a fazer o vento lá fora?"

Nada, como sempre. Nada.
"Nada sabes"
Nada? Nada vês? Nada recordas
Nada?"
Recordo-me
Daquelas pérolas que eram seus olhos.
Estás ou não estás vivo? Nada existe em tua cabeça?"
Mas
O O O O este Rag shakespeaéreo
- Tão elegante
Tão inteligente
Trecho de Uma partida de xadrez. T.S. ELIOT POESIA.