Ar, avião, vida e crianças

Toda vez que viajo de avião, pareço criança.
Quando o comandante, com voz compressurizada, avisa à tripulação que vamos decolar, um uhu grita dentro de mim.
Gosto da sensação de levantar vôo e de aterrizar. Quando estou em terra, também gosto de olhar aviões riscando o ar.
Mas, cá entre nós, achava minha emoção boba, meio contruída no clichê: velocidade=liberdade.
Pois num recente vôo de Porto Alegre a São Paulo, tive certeza que esta sensação é natural e infantil, pois foi compartilhada (e em viva voz) com um menino de quatro anos que viajava com os pais, numa fila depois da minha.
(aliás, este vôo estava repleto de crianças!)
Quando o avião se posicionou na pista do aeroporto Salgado Filho e começou a acelerar, o menino disparou uma contagem regressiva e um Decolar! Para, em seguida, o piloto dar a mesma ordem à tripulação.
Quando o avião chegou ao aeroporto de Congonhas e encostou as rodas no solo, freiando e fazendo muito barulho, o menino gritou mais alto um uhu longo e largou a frase: - Isso que é vida!
Ook, ele estava certíssimo e ainda 'quebrou o gelo', fez muitos passageiros se olharem e sorrirem!
Eu fiquei mais feliz, pois me senti liberada para, a cada vôo, continuar sentindo o mesmo.
Antes de descermos, disse pro menino que concordava com ele. Em outras palavras, também sentia a vida na velocidade.
Cliché ou não, movimento dá frio na barriga e dá prazer, igual a vida.